segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Meu querer avança faminto
na vida
em direções opostas

esgarça-me corpo, mente espírito
bolso  e a paciência dos outros

Até que.

Quero de tudo, tudo
e escolher sempre é morrer

Mas não escolher é não ser. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Os dias passam um atrás do outro
sem se desviarem nem para a esquerda,
 nem para direita.

mas as pernas do meu relógio
vão mais rápido
só pra pararem no momento
exato de você.

em Botafogo um pensamento
 me atropela
Não sei onde ando com o coração.





sábado, 14 de setembro de 2013

O sol de setembro ultrapassa
a cortina e invade meu quarto

A luz revela a poeira acumulada
sobre os móveis
e algumas lembranças
e medos
escondidos entre os livros
na estante

O escuro guarda segredos
e camufla enganos

Abro as cortinas e a janela
deixo a luz entrar definitivamente
é hora de limpar o quarto

Jogo fora tudo o que não interessa

sexta-feira, 13 de setembro de 2013


 Coincidências me fazem crer estar no caminho certo:
A vida é possível e se constrói em qualquer lugar do mundo

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Escalo silêncios
Sem nunca chegar o fim

Procuro em vão palavras aonde me segurar
Aonde apoiar os pés

Escalo silêncios
Sem nunca obter respostas

Escalo
Calas
Escalo
Calas
Escalo
Calas.

Calo. 


domingo, 4 de agosto de 2013

* Uma reescritura


Tua boca é a nascente de um rio
Que me navega na solidão de horas mudas
Que me cerca em marés de silêncios
E me prende em correntes de angústias.

Tuas histórias nada contam de ti
Tuas perguntas nada querem saber
Tuas respostas devolvem-me enigmas
Indecifráveis.


Aprisionada, sigo o fluxo de tuas águas
Agarrando as palavras que me dás
Construindo pontes que levarão a lugar nenhum.

És um cavaleiro sem rosto
Vagando nas noites escuras do meu coração.  

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Há uma agitação escandalosa lá fora
Uma agitação obscena
Uma agitação de corpos, de vozes
De porcos quando capturados pro abate.
Desespero, agonia.
A terra bebe o sangue derramado
De Abel.
A noite canta e gargalha alto, bêbada.
A noite canta com os cães
Na língua impossível da noite.